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OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE BIODIESEIS METÍLICOS DERIVADOS DE GORDURAS ANIMAIS
Luiz Antonio Mazzini Fontoura, José Augusto Rodrigues, Lucas Matheus Porto Costa, Samuel José Santos

Última alteração: 08-11-2021

Resumo


O Brasil é, atualmente, o segundo maior produtor mundial de biodiesel. Em 2020, as matérias primas mais empregadas foram o óleo de soja e o sebo bovino. A matéria prima responde por até 80 % do custo de produção do biodiesel. Em geral, gorduras são mais baratas do que os óleos e produzem um biodiesel com maior estabilidade oxidativa, porém com tendência à cristalização a temperaturas mais altas, o que é uma desvantagem (BRAUN et al., 2020). Além disso, são consideradas resíduos da indústria da carne, com reduzido valor alimentício. Por esta razão, o uso de gorduras de outros animais, como a de frango, vêm ocupando um espaço crescente como matéria prima para a obtenção do biodiesel. Neste trabalho, as gorduras bovina, suína, ovina, bubalina e de frango foram empregadas na obtenção de biodiesel por rota metílica com catálise alcalina homogênea com gliceróxido de sódio. Os produtos foram caracterizados pelo teor de ésteres graxos. E propriedades físicas como a viscosidade a 40 oC, a massa específica a 20 oC e o ponto de fluidez. Gorduras ovina, suína, ovina, bubalina e de frango foram fornecidas por um mercado local. Purificação das gorduras: As gorduras brutas foram fundidas e filtradas. A seguir, foram aquecidas a 90 oC por 1 h com o objetivo de eliminar a umidade. Os índices de acidez foram determinados por titulometria de neutralização. Obtenção dos biodieseis: 250 g da gordura purificada foram introduzidos em um reator de vidro de 1 L equipado com agitador mecânico (1000 rpm) e banho termostatizado (70 oC), seguidos por 142,5 mL de MeOH e 5 g de gliceróxido de potássio. A mistura foi agitada por 1 h. A seguir, foi transferida para um funil de separação. O glicerol foi separado e o biodiesel, lavado com água (3 x 80 mL, 70 oC). Por fim, os voláteis foram eliminados por aquecimento a 90 oC por 1 h. Caracterização do biodiesel: teor de ésteres graxos (RMN-1H), viscosidade cinemática a 40 oC (ASTM D445), a massa específica a 20 oC (D1298) e o ponto de fluidez (ASTM D97). Os biodieseis foram obtidos com teores de ésteres graxos superiores a 97 %. A legislação brasileira exige um teor mínimo de 96,5 %. As viscosidades foram estimadas no intervalo de 4,3 (biodiesel de gordura de frango) e 5,0 mm2 s-1 (biodiesel de gordura de bubalino). A especificação estabelece o intervalo de 3,0 a 6, 0 mm2 s-1. As massas específicas, por sua vez, na faixa de 0,87 a 0,88 g mL-1, pouco influenciada pela natureza da matéria prima. São considerados adequados valores de 0,85 a 0,90 g mL-1. A massa específica do biodiesel de gordura bubalina não foi estimada visto que, a temperatura ambiente, o líquido apresenta cristais sedimentados. Por fim, os pontos de fluidez foram encontrados como 18 oC para os biodieseis bubalino e ovino, 15 oC para o bovino e 6 oC para os demais. Os casos em que o ponto de fluidez é mais baixo são justificados pela presença de maiores teores de ésteres graxos insaturados na composição do biodiesel.

 

Referência

BRAUN, J. v. et al. Oxidative stability and cold filter plugging point of Biodiesel blends derived from fats and soy oil. Química Nova, v. 43, n. 9, p. 1246–1250, 2020.

 


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