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OBRIGATORIEDADE DA PRÉ-ESCOLA NO BRASIL E A FORMAÇÃO DE LEITORES LITERÁRIOS
Bianca Salazar Guizzo

Última alteração: 08-11-2021

Resumo


Este artigo é um desdobramento de uma pesquisa intitulada “Crianças pré-escolares do século XXI: um estudo sobre as representações infantis e práticas docentes” que tem, dentre seus objetivos: investigar que práticas pedagógicas têm sido desenvolvidas na pré-escola. Aqui, serão discutidos os primeiros resultados decorrentes deste objetivo. O propósito específico deste trabalho é problematizar as ações pedagógicas desenvolvidas com crianças de cinco anos, especialmente no que se refere às práticas de leitura literária e à formação de leitores literários. Para tanto, são utilizadas contribuições da Pedagogia da Infância (OLIVEIRA-FORMOSINHO, 2007). Para dar conta desse objetivo foram realizadas observações em turmas de pré-escola (nível 2) pertencentes a duas escolas públicas da região metropolitana de Porto Alegre. Foram utilizadas algumas estratégias metodológicas alinhadas aos pressupostos etnográficos de pesquisa. A produção do material de análise deu-se a partir de registros que foram descritos em um caderno de campo. Os primeiros resultados apontaram que as duas escolas trabalham de modo muito distinto e parecem ter concepções bastante diferentes de infância e criança. A turma que está inserida numa escola que atende apenas a Educação Infantil (nomeada de TURMA 1) dispõe de um ambiente que favorece o desenvolvimento do interesse das crianças por histórias literárias uma vez que disponibiliza estantes, à altura dos sujeitos infantis, com livros que podem ser considerados de qualidade. Além disso, a sala de referência é composta por cantos que possibilitam a realização de leituras individualizadas, como em grupos. A biblioteca também conta com espaços atrativos para realização de leituras e contação de histórias, bem como com um acervo advindo, em grande parte, do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE). Já a outra turma (nomeada de TURMA 2), inserida em uma escola que conta - em sua maioria - com turmas de Ensino Fundamental e oferece apenas duas turmas de pré-escola, não dispõe de um ambiente tão atrativo quando a primeira turma. A sala referência é pequena, há uma caixa com livros bem variados que é disponibilizada às crianças em momentos pré-determinados pela professora. Ademais, as visitas à biblioteca são semanais em horário estabelecido pela escola. Há apenas uma estante com livros infantis, uma vez que a biblioteca precisa contemplar também todas as demais turmas do Ensino Fundamental atendidas na escola. A TURMA 1 alinha-se à ideia de "pedagogia do livro" defendida por Colomer (2017) a qual se atrela à criação de uma cultura na qual as crianças se vejam cercadas de livros, de adultos que leem para elas, de modo a habituá-las com o objeto livro e, consequentemente, desenvolver comportamentos leitores. Já a TURMA 2, embora tenha contato com práticas leitoras, dispõe de ambientes menos ricos. Além do que, não tem tanta autonomia para acessar os livros a qualquer momento.


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