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ACHADOS ULTRASSONOGRÁFICOS DE MUCOCELE EM CANINO: RELATO DE CASO
Fernanda Tagliari, Giorgia Tagliari, Thiago Mottola de Castro, Fabiane Prusch, Yara Vescovi Liberato Nandi

Última alteração: 03-12-2020

Resumo


Introdução

A mucocele biliar é definida como um acúmulo anormal de bile semissólida ou aumento da viscosidade da mesma (CREWS et al., 2009; MESICH et al., 2009; NORWICH, 2011), podendo o conteúdo ficar tão espesso a ponto de não ser excretado para fora da vesícula biliar. (COGLIATI et al., 2015). A etiologia não esta totalmente esclarecida, podendo ter correlação com retenção ou superprodução de mucina, que irá aumentar a viscosidade biliar (MESICH et al., 2009). Se não for realizado tratamento pode ocorrer progressão para necrose isquêmica, ruptura, peritonite biliar, além de infecções oportunistas (Cogliati et al., 2015).

Relato de Caso

Foi atendido no Hospital Veterinário VETTIE um canino, macho, 10 anos de idade, sem raça definida, com histórico de mucocele biliar apresentando êmese, inapetência, fezes pastosas e algia abdominal, estava fazendo acompanhamento da vesícula biliar e ao perceber que não havia melhora foi indicada a colecistectomia. Ao exame ultrassonográfico pré-cirúrgico a vesícula biliar estava com repleção moderada, apresentando sedimento hiperecogênico em padrão estriado, achados compatíveis com mucocele biliar, além disso, as paredes estavam normoespessas e o ducto colédoco preservado. O diagnóstico foi realizado pelos achados clínicos e ultrassonográficos e o tratamento optado foi a colecistectomia.

Discussão

Segundo a literatura, o exame de escolha para diagnóstico é a ultrassonografia abdominal (CREWS et al., 2009), sendo os achados ultrassonográficos de vesícula distendida com conteúdo amorfo hiperecogênico (Garcia et al., 2015; Kealy et al., 2012), assim como descrito no presente caso. Além disso, o padrão estriado presente está diretamente relacionado com a mucocele (BESSO, 2007). Como descrito por Worley et al. (2004) geralmente são afetados cães de pequeno e médio porte, sendo que o paciente se inclui nesta característica. Os sinais clínicos manifestados pelo paciente, como êmese, inapetência e algia abdominal, são relatados por Besso et al. (2000) e Crews et al. (2009) como relacionados com a mucocele biliar. No tratamento conservador pode-se utilizar o ácido ursodesoxicólico (Andrade, 2008), como foi utilizado no paciente deste caso, porém, sem melhoras clínicas e ultrassonográficas, a colecistectomia é a técnica cirúrgica de eleição, para evitar rompimento da vesícula biliar e recidivas Cogliati et al., 2015; Watson & Bunch, 2015; Worley et al., 2004).

Referências

Andrade, S. F. (2008). Manual da Terapêutica Veterinária. São Paulo: Rocca.

BESSO; J.G.; WRIGLEY, R.H.; GLIATTO, J.M.; WEBSTER, C.R. Ul-trasonographic appearance and clinical findings in 14 dogs with gallbladder mucocele. Veterinary Radiology & Ultrasound, v.41, p.261-271, 2000.

Cogliati, B., Silva, R. D. & Ushikoshi, W. S. (2015). Doenças hepáticas caninas. In M. M. Jerico, J. P. Andrade Neto & M. M. Kogika (Eds.), Tratado de medicina interna de cães e gatos. Rio de Janeiro: Roca, vol.1 v. p. 1035-1043. (Vol. 1, pp. 1035-1043). Rio de Janeiro, Brasil: Roca.

CREWS, L.J.; FEENEY, D.A.; JESSEN, C.R.; ROSE, N.D.; MATISE, I. Clinical, ultrasonographic, and laboratory findings associated with gallbladder disease and rupture in dogs: 45 cases (1997–2007). Journal of the American Veterinary Medical Association, v.234, n.3, p.359-366, 2009.

Garcia, D. A. A., Froes, T. R. & Feliciano, M. A. R. (2015). Fígado. In M. A. R. Feliciano, J. C. Canola & W. R. R. Vicente (Eds.), Diagnóstico por imagem em cães e gatos (pp. 549-577). São Paulo, Brasil: MedVet.

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MESICH, M.L.L.; MAYHEW, P.D.; PAEK, M.; HOLT, D.E.; BROWN, D.C. Gallbladder mucoceles and their association with endocrinopathies in dogs: a retrospective case-control study. Journal of Small Animal Practice, v.50, p.630–635, 2009.

NORWICH, A. Gallbladder mucocele in a 12-year-old cocker spaniel. The Canadian Veterinary Journal, v.52, n.3, p.319–321, 2011.

Watson, P. J. & Bunch, S. E. (2015). Doenças hepatobiliares no cão. In R. W. Nelson & C. G. Couto (Eds.), Medicina Interna de Pequenos Animais (Vol. 1, pp. 556-557). Rio de Janeiro: Elsevier.

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