Última alteração: 12-11-2020
Resumo
Pragas de importância agronômica constituem um dos principais fatores limitantes ao sucesso da agricultura, quando não controladas. Inseticidas sintéticos têm sido amplamente utilizados para o controle de populações de insetos-praga. Entretanto, a resistência adquirida por alguns insetos e a elevada toxicidade desses compostos sobre o ambiente e organismos não-alvo têm levado a um aumento na busca por produtos de origem natural, isentos de toxicidade e efetivos no controle de insetos fitófagos. Pesquisas de bioinseticidas são voltadas a Drosophila melanogaster por ser evolutivamente próxima de muitas pragas da agricultura. O objetivo desse trabalho foi investigar a atividade inseticida do extrato proteico foliar de Moringa oleifera sobre a taxa de emergência de adultos de D. melanogaster. O extrato proteico bruto, obtido a partir das folhas de M. oleifera, foi quantificado pelo método de Bradford e o perfil eletroforético em Gel de Poliacrilamida (SDS-PAGE). O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado, com cinco repetições por tratamento. Cada unidade amostral foi constituída por um tubo de ensaio com 20 ovos imersos em 3 mL de meio de cultura, para crescimento larval, e acrescidos de diferentes dosagens (3, 30 e 300 µg/µL) do extrato proteico (grupos tratamento) e água (grupo controle). Após 15 dias, foram contados o número de adultos que emergiram, para determinar a porcentagem de sobrevivência e submetidos à análise de variância (ANOVA). As médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%, no programa computacional SISVAR 5.6. O perfil eletroforético em SDS-PAGE evidenciou bandas variando entre 20 a 50 kDa no extrato foliar. O número de adultos emergidos no grupo controle e nas diferentes dosagens diferiram estatisticamente (ANOVA). As diferentes doses do extrato proteico foliar afetaram a emergência de adultos de D. melanogaster de maneira dose-dependente. De acordo com o teste de Tukey, não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos controle e tratamento (3 e 30 μg/μL). No entanto, a maior dosagem (300 µg/µL) do extrato foliar afetou significativamente a sobrevivência, em relação ao grupo controle, promovendo mortalidade de aproximadamente 50%. O extrato proteico foliar de M. oleifera apresentou atividade inseticida contra D. melanogaster e seu mecanismo de ação provavelmente envolve a presença de fatores antinutricionais proteicos, tais como inibidores de tripsina e/ou lectinas, que ainda precisam ser isolados e caracterizados. Assim o extrato proteico bruto da M. oleifera torna-se um bom candidato para o controle de insetos-praga.