Este trabalho, de cunho qualitativo, tem por objetivo apresentar parte de uma tese de doutorado em Educação Matemática, da primeira autora e orientada pela segunda, que trata sobre Matemática e a pessoa cega. Apresentamos as estratégias da primeira pesquisadora utilizadas para ensinar um aluno cego a resolver graficamente Sistemas de Equações Lineares de Primeiro Grau. Nosso estudo levou em consideração as ideias teóricas propostas por Ferri sobre estilos de pensamento matemático, que, segundo ela, podem ser classificados como visual, analítico e integrado. A demanda de ensinar esse aluno ocorreu após a aplicação de uma atividade de sondagem contendo um exercício que explorava a representação gráfica do conteúdo em questão, sendo observado que nosso sujeito nunca havia tido contato com essa forma de apresentação, o que pode ter favorecido a não utilização, por ele, dos estilos de pensamento visual e integrado. Durante a explicação do conteúdo, nosso sujeito evidenciou facilidade ao lidar com a representação gráfica de sistemas lineares, o que nos pareceu confirmar a importância de que os temas sejam apresentados de forma adequada, com materiais e linguagem adaptados à condição de aprendizagem de nossos sujeitos. A experiência vivenciada ao ensiná-lo, nos mostrou que é possível explorar todos os meios de aprendizagem desses sujeitos e que a condição de cegueira não é um fator determinante que os impeçam de aprender, desde que sejam ofertados meios de acesso aos conteúdos.