O jogo de cena narrado neste artigo se inscreve nos rastros do diálogo, “O chapéu de palhaço”, iterado da pesquisa de doutorado, “Percorrendo usos/significados da matemática na problematização de práticas culturais na formação inicial de professores”, defendida na Universidade Federal do Acre em 2016. Pesquisa esta realizada com enfoque na formação inicial de professores de Matemática no âmbito das disciplinas de Estágio Supervisionado na Extensão e na Pesquisa I e II; Prática de Ensino de Matemática I e II, desta universidade e referenciada na terapia wittgensteiniana e desconstrução derridiana. Os personagens tecem um diálogo ficcional que consiste num modo terapêutico desconstrucionista de ver/analisar o corpus da pesquisa constituído pelas falas videografadas e registros escritos de estudantes e da docente produzidos no âmbito dessas disciplinas. O objetivo da pesquisa consistiu em problematizar os usos da matemática nas práticas culturais mobilizadas no contexto da formação em enfoque. Especificamente, neste artigo, são problematizados os usos de conceitos geométricos na prática escolar de “decifrar enigmas”. A atitude terapêutica que orienta o diálogo ficcional problematiza os significados únicos a eles atribuídos com base numa visão essencialista e universal da matemática, escolarmente instituída. Pretende-se, desta forma, ampliar a compreensão do fenômeno da formação inicial para o ensino das matemáticas para outros modos de vê-lo. Na visão terapêutica, não se trata de verificar o nível de compreensão atingido, mas apenas de gerar a compreensão ao descrever os usos mobilizados na prática formativa.