Em 2005 a avaliação do ensino básico foi reestruturada no Brasil, dentre as mudanças temos a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar, conhecida como Prova Brasil. As questões aplicadas a partir de 2011 podem ser acessadas no site de Devolutivas Pedagógicas(DP) (INEP,2017), assim como estatísticas e comentários pedagógicos acerca da avaliação. Nosso interesse foi verificar se questões envolvendo escrita numérica na forma decimal e o português escrito aparecem na avaliação, para assim analisá-las a luz da teoria Registros de Representação Semiótica de Raymond Duval (2012a,2012b), mais especificamente o fenômeno de congruência semântica. Encontramos duas questões envolvendo o processo de conversão de um número do português para a sua forma decimal.

A primeira questão, “Qual é a escrita do número seiscentos e trinta e quatro unidades?”, tem alternativas (A)634, (B)60034, (C)600304 e (D)6100304. O índice de escolha de cada item foi 67%, 11%, 13% e 5%, respectivamente. A segunda questão, “Um número foi decomposto em: 2 unidades de milhar, 4 centenas e 5 unidades. Esse número é”, tem alternativas (A)2045, (B)2450, (C)2405 e (D)245. A proporção de cada item foi 17%, 12%, 31% e 30%, respectivamente.

A metodologia utilizada para este trabalho foi a de análise dos dados estatísticos apresentados no DP e uma análise de texto hermenêutica (Ghedin, 2003) das questões apresentadas, de forma a se estudar como o fenômeno de congruência semântica se comporta nas duas situações. Desta forma, objetivo com esta análise é o de verificar como a teoria de Duval se comporta nas questões apresentadas na Prova Brasil e verificar se estas questões são apropriadas, ou não, segundo a teoria.

Verificou-se que as duas questões se comportam de forma distinta, segundo o fenômeno de congruência semântica. Os dados estatísticos, apresentados pelo DP, vão ao encontro do que foi verificado pela teoria de Duval, sustentando a análise feita.