Última alteração: 06-09-2013
Resumo
A culpa, um importante aspecto afetivo do desenvolvimento moral, tem sido utilizada como um de seus principais indicadores, por sua presença ou intensidade. Nas crianças, a culpa aprimora-se gradualmente, sendo influenciada pelos modelos de moralidade e métodos disciplinares aos quais estão expostas (HARRIS, 1989). O presente estudo buscou verificar possíveis diferenças na emergência do sentimento de culpa, podendo visualizar o desenvolvimento crítico, de alunos entre 6 e 8 anos de idade do projeto Brincando e Aprendendo. Foram analisadas dez crianças socialmente amparadas do bairro Centro da cidade de Xangri-Lá (RS), que possui uma vulnerabilidade social pouco presente, e dez crianças de comunidade carente, do Bairro da Figueirinha, na mesma cidade, aonde o risco de vulnerabilidade social é bem alto (sendo duas delas oriundas daquele bairro mas residentes em uma casa de passagem municipal, com idades entre 9 e 10 anos). Utilizaram-se tarefas de checagem do reconhecimento de emoções, julgamento de personagem em situação de dano acidental e intencional, e relato de episódio pessoal envolvendo culpa, além de entrevista exploratória dos modelos de moralidade com os quais convivem as crianças. Encontraram-se concepções distintas de culpa, classificadas nos níveis "ser apontado como culpado", "ter culpa" e "sentir culpa". Buscou-se padronizar o desenvolvimento recente da criança para, assim, possibilitar um maior tato pedagógico, e melhor visão das necessidades escolares e do desenvolvimento dessas crianças.