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Uma visão utilitarista sobre a ética ambiental
Última alteração: 06-09-2013
Resumo
A crise socioambiental atual é resultado de uma histórica relação conflituosa entre o ser humano e o restante da natureza. A ideia de que a nossa espécie se encontra em uma situação particular no mundo, e assim está separada da natureza, remonta às origens das sociedades de tradição judaico-cristã e, argumenta-se, foi reafirmada a partir do desenvolvimento da ciência cartesiana. A ciência cartesiana fortaleceu a ideia de que o ser humano era o centro do mundo, e uma visão ética que considerava prioritariamente nossos interesses se estabeleceu desde então. Afirma-se que os problemas socioambientais contemporâneos derivam da ideia dualista que opõe os seres humanos à natureza, e assim não podem ser solucionados dentro de um paradigma ético antropocêntrico. A estruturação de uma ética biocêntrica, que proporcione igual consideração de interesses a todos organismos vivos é tida como desejável, mas de difícil estruturação filosófica. Uma visão ética utilitarista sugere que apenas organismos capazes de sofrer ou de experimentar algum grau de felicidade têm interesses e, por isso, devem ser objetos de consideração moral, e o mesmo não ocorre com organismos não-sencientes, como as plantas. Apesar disso, organismos como as plantas, ou um ecossistema, como uma floresta, podem ser preservados considerando-se o interesse dos indivíduos sencientes que se alimentam ou vivem neles. O presente artigo, assim, discute a possibilidade de se estruturar uma ética ambiental que abranja todos os organismos vivos a partir da defesa dos interesses dos organismos sencientes.
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